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Meu amicão.

Ganhei de presente no meu 3º aniversário. De todos os irmãos, era o mais animado. Foi escolhido. Parecia um ursinho de pelúcia de tão branco e fofo. Eu o apertava, jogava pra cima, botava xuxinhas na sua orelha, o fazia até de cavalinho. Era o meu brinquedo preferido, não é a toa que se chama Toy. Cresceu comigo. Acompanhou todas as minhas fases. Corria comigo na rua, pela casa, no quintal... Não podia ver nada, que comia. Já deu muito prejuízo! Levou alguns meses (e algumas broncas) para aprender aonde fazer suas necessidades. Deu muito estresse! Por duas vezes comeu chumbinho e saímos as pressas pro veterinário. Outra vez, uma convulsão, me fez pensar que nunca mais iria tê-lo. Quantas madrugadas na Veterinária Tamoio... Já nos deu muita preocupação! Pisei num parafuso e tive que continuar correndo atrás dele, que subia cada vez mais a rua da minha casa. Num outro sumiço, enquanto procurava por ele de bicicleta, caí e tive a batata da perna perfurada por um arame, e levo a marca desse dia até hoje em forma de cicatriz. Já me deu muita dor! Na última fuga (e a pior de todas) foi pra longe, passou quase 2 dias desaparecido, mobilizou vizinhos e amigos, nos deu noites em claro, e um pequeno prejuízo devido aos ‘dinheirinhos’ que as malandras crianças cobraram pra procurá-lo. Deu muita angústia! Mas, nada que se compare aos milhares de momentos que cheguei em casa e ele me recepcionou com seu latino e seu rabinho balançando. Na minha época anêmica, era pra ele que eu dava o bife de fígado que Mida, a empregada, insistia em pôr no meu prato de comida para me fortalecer. Nas madrugadas sem dormir, nas minhas vésperas de provas, ou na insônia do meu pai quando virava noites preocupado com o desemprego, ele estava deitado do nosso lado como quem diz: tá todo mundo dormindo mas eu tô contigo. A partir daí percebi que a fama de ser o melhor amigo do homem fazia sentido. Em todos os anos que passamos juntos, ele me ajudou muito. Quando o levava pra andar pelas ruas da casa de praia, me proporcionou até algumas cantadas (não muito bem sucedidas, lógico) como aquelas bem clichês: 'o cachorrinho tem telefone?' Ou, 'ô cachorrinho de sorte!' Mal sabiam eles que a sortuda era e sou eu. Por ter um companheiro como o Toyzinho, Latoya, Mijão, Bafilde... que nesses seus quase 16 anos de vida, nos deu muitas, muitas alegrias! Se eu pudesse escolher quanto tempo de vida ele ainda teria pela frente, com certeza, seria o suficiente para acompanhar a infância e a adolescência dos meus filhos, e depois me acompanhar na minha terceira idade, até meu último dia de vida. Mas infelizmente, biologicamente, ele é um cachorro, um animal, que já sente o peso da idade, já sofre com a velhice, artrose, cegueira, surdez... E embora eu não queira aceitar, tenho que começar a me acostumar com a partida dele, com a ausência do seu companheirismo todos os dias, com a impossibilidade de carregá-lo no colo, fazer carinhos, botar sua comida e ser acordada com seu latido me chamando pra abrir a porta pra que ele possa fazer xixi no quintal ou pra eu tirar a almofada de cima da sua cadeira pra que possa sentar e dormir. Não poderei o levar pra sempre comigo, mas as lembranças desses anos de amizade vão ficar eternamente em mim e em todos aqui de casa. Até porque, ele é mais do que um poodle, é um membro da nossa família. chorei, mas desabafei!