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Era ou sou?

"Era dos olhares o mais profundo. O mais surpreendentemente e também o mais frágil. Revelava uma vontade urgente de levar o mundo pra dentro de si mesma. Tinha um coração vibrante, livre, mas ainda de menina. Aliás, misturava a traquinagem de garota com a coragem de mulher em uma sintonia quase perfeita.Tinha necessidade de tudo. Ignorava os ‘nãos’... nada a fazia parar. Pra ela não havia fronteiras entre o conhecido e o novo. Era impulsiva. Persistente. Perigosa.Capaz de se doar completamente mas também de uma displicência por vezes imperdoável. Contava com uma sinceridade agressiva que fazia graça e fazia confusão.Não guardava rancor. Nem se vingava. Mas exigia. Só que não exigia muito não. Gostava das coisas simples... um gesto a fazia feliz. Tinha o cabelo loiro-escuro-acinzentado. Coxas grossas. Rosto marcante. Tão marcante quanto a personalidade que se manifestava sempre subitamente. Não tinha vergonha. Sentia mesmo. Mostrava mesmo. Agarrava-se às ilusões como quem se agarra à última molécula de oxigênio. Gostava de pão de queijo. Era curiosa. Instintiva. Inconstante. Surpreendente.Modos brutos. Mãos delicadas. Carinhosa. Pedia colo. Queria tanta atenção quanto era capaz de dar, não sabia que essa era uma virtude que lhe era peculiar.E sofria. E perdoava. E começava tudo outra vez. Ouvia. Falava. E ouvia e ouvia e ouvia: quase sempre preferia o silêncio. Dizia que não esperava. Mas esperava. Dizia que não queria. Mas queria... defesa comum pra quem queria ser tão intensamente. Ganhava até quando perdia. Tinha medo. E não tinha medo. Na dúvida, se arriscava. Só aprendia vivendo. Por isso vivia. Vivia não. Ela transbordava."
Por: Beatriz Antunes.

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